Recolhimento, Espiritualidade e Sentido: Artigo semanal da Diocese de Jales
RECOLHIMENTO, ESPIRITUALIDADE E SENTIDO
Talles Renan Souza Nicoletti - Estudante do 3º ano de Filosofia e Seminarista da Diocese de Jales
Atualmente, vivemos em um mundo extremamente globalizado e agitado, onde somos continuamente convidados a viver sempre para fora, sem prestar atenção no interior. Consequentemente, o risco de perder a sintonia com nós mesmos se faz presente. A espiritualidade pessoal é um convite que leva a um encontro consigo e com o Deus que o habita.
A sociedade sempre nos convida a seguir a moda e a pressa contínua. Muitas vezes, nos sentimos excluídos ou incapacitados pelo fato de querermos fazer o percurso contrário. O movimento da alma é diferente do movimento do mundo. A alma requer recolhimento, silêncio e serenidade. Nesta prática, ouvimos a voz de Deus na profundeza de nossos corações.
Hoje, vemos o aumento contínuo de pessoas em crises, angustiadas ou no desespero, com o risco de cometerem suicídio. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) em 17 de junho de 2021, há um número elevado de jovens entre 15 a 29 anos que comentem tal prática, sendo a quarta causa de morte depois de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal. Como dar sentido à vida diante dessas situações?
Jesus Cristo nos aponta um caminho. Ele é o grande exemplo de espiritualidade. Ele se retirava para lugares afastados e, no silêncio, fazia suas orações ao Pai (cf. Lc22,41). Inspiremo-nos no seu exemplo: recolhermo-nos é fundamental para o crescimento espiritual. A leitura da Palavra de Deus, sua meditação e a oração nos colocam em sintonia com a nossa realidade mais profunda e com a realidade do mundo que nos envolvem.
Com tantas desigualdades e calamidades presentes no mundo contemporâneo, encontrar o sentido para tudo aquilo que se vive é fundamental para a vida de cada um, é fazer a experiência do amor de Deus em nós, porque “Deus é amor” (1 Jo 4,8). Esta é uma regra básica da vida para toda a sociedade: não tem como amarmos os outros se não nos amamos a nós mesmos; não há possibilidade de perdoar o outro se antes não nos perdoamos a nós mesmos; e não há possibilidade de encontro se antes não nos encontramos a nós mesmos.
Durante o momento de recolhimento e silêncio, ou seja, uma prática desértica em nossas vidas, mergulhamo-nos no mistério das realidades que nos envolvem. Assim, conseguimos por meio dos dons do Espírito Santo, a sabedoria e o discernimento para tomar decisões mais assertivas.
Muitas vezes, ficamos presos em situações que nos tiram a paz. Podemos recuperá-la por meio do recolhimento e da reflexão sobre a ressurreição de Lázaro, quando Jesus o chama para fora do sepulcro (cf. Jo 11,43). Com isso, percebemos que a vida cristã é baseada na ressureição e, com a graça de Deus, somos convidados a sair dos sepulcros e ressuscitar em Jesus, todos os dias.
Jales, 25 de agosto de 2021.
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