Sem conseguir comprovar comorbidades, pessoas ameaçam servidores e exigem vacina
Apenas a receita não comprova comorbidade. Enfermeiros seguem protocolo e são orientados a procurar a polícia em caso de ameaça ou constrangimento
A Polícia Civil de Jales registrou dois Boletins de Ocorrência relativos a
ameaças feitas por pessoas que tentavam se vacinar contra a covid-19 em
postos de saúde, mas não se conformaram com a negativa feita pelos
atendentes. Os casos aconteceram nos ESFs do Novo Mundo e do Jardim
Paraíso. Em ambos os casos, o cidadão não estaria enquadrado nas
exigências para receber a vacina e não teria aceitado as argumentações das
servidoras, partindo para desacato e ameaças.
O registro na polícia é orientação das próprias forças policiais e da
Secretaria de Saúde.
No ESF do Jardim Novo Mundo, o Zilda Arns, um homem apresentou uma
receita médica supostamente prescrita por um ginecologista. O documento
não tinha carimbo com o numero de registro do CRM (Conselho regional
de Medicina) e estava apenas rubricado. A vacinação foi negada pela
enfermeira do posto e isso deixou o homem inconformado, que a ofendeu e
ameaçou.
No ESF Francisco Xaver Rego, do Jardim Novo Mundo, o paciente
apresentou apenas uma receita para medicação contra a hipertensão. Diante
da explicação de que apenas aquele documento não seria suficiente, a
pessoa se revoltou e foi grosseira, inclusive exigindo que a atendente
informasse por escrito os motivos da negativa.
“Os dois foram muito
grosseiros. No Novo Mundo o homem disse que o filho dele era advogado e que chegaria uma ordem ‘de cima’ para demitir a enfermeira. Ele gritou,
fez um escândalo e com o nosso aval, foram feitos Boletins de Ocorrência
porque as enfermeiras estão seguindo o protocolo, que nos respalda”, disse
Renata Rachieli, enfermeira responsável pela vacinação no município.
“Temos que ter a comprovação de que a pessoa tem aquela comorbidade [que ele alega] e está naquela faixa etária da época. No Vacivida, que é o sistema que a gente alimenta com os dados da vacinação, exige que tenha qual comorbidade é e qual é o médico que atestou aquilo, incluindo o CRM dele. A pessoa com comorbidade só será vacinada se apresentar todos os comprovantes necessários e a gente não está pedindo nada além do que o sistema exige para classificar o paciente”.
Ela explicou que os vacinadores podem aceitar vários tipos de documento
até que fique claro e não haja dúvidas de que a pessoa realmente tem a
comorbidade que alega. “Hipertenso, por exemplo, pode levar a receita
médica, junto com atestado ou com exames cardiológicos. Quanto mais
documentos, melhor, só que algumas pessoas estão levando apenas receita
e isso não comprova”.
PROTOCOLOS
Para evitar novos problemas, a Secretaria de Saúde está publicando n site
da Prefeitura de Jales um protocolo sobre os procedimentos necessários
para o cidadão reivindicar a vacinação e para os servidores aceitarem as
informações do paciente, além da discriminação de quais as comorbidades
que permitem a vacinação, entre outras coisas. Inclusive disponibilizando
um modelo de atestado médico a ser apresentado.
Comments