Profissionais de enfermagem abandonados à própria sorte - artigo semanal da Diocese de Jales
Padre Juliano Fortunato Godoy de Souza Administrador Paroquial da Paróquia Santo Expedito em Jales No dia 12 de maio, celebraremos o dia dos profissionais de enfermagem, neste ano, a Associação Brasileira de Enfermagem – ABEN traz como tema da semana de enfermagem “O trabalho em Enfermagem no contexto da crise”. Pela importante colaboração de todas as classes de trabalhadores e trabalhadoras, faz se necessário a organização dos conselhos de classe, sindicatos e todas as instituições que assumem este canal de diálogo e reivindicações. Tramita no senado a proposta de Lei n°2564/2020 que sugere um piso salarial aos profissionais de enfermagem e as parteiras. Inquieta-nos a existência e consciência das alcatéias assim como das matilhas de políticos que usurpam das conquistas da classe operária em seu benefício.
Há um ano, escrevi o artigo intitulado: “Viva a Enfermagem Brasileira”, sublinhava o descaso com os profissionais de enfermagem, em especial a cusparada na cara que levaram, quando foram reivindicar melhores condições aos trabalhadores. Não queremos apontar um responsável pelo vergonhoso caos na sucateada saúde pública, na atenção inaudível aos professores, na ignorada segurança pública e em tantas áreas negligenciadas pelos corruptos que insistimos em eleger para nos representar.
Houve sim, oportunidade de mostrar para todo mundo a construção de hospitais e investimentos nos profissionais de saúde, mas preferiram construir “Arenas de Futebol”, “abandonadas à própria sorte”. Contudo, difícil da trama e do drama da administração pública é que o ciclo corrupto vicia, criam filhotes e assumem o poder público; já ultrapassados os mais de 400 mil mortos acometidos pelo coronavírus em nosso país, fomos sacrificados pela boçal incompetência do atual governo por não aceitar a ciência, a medicina, embora, por resistência, somos exemplo em imunização.
A agência do senado publicou a iniciativa do Senador Fabiano Contarato em incluir na pauta, o projeto de Lei n°2564 de 2020, apresentando como proposta a instituição de um piso salarial nacional aos profissionais de enfermagem e parteiras (os), associada a jornada de trabalho de 30 horas semanais. O texto sofreu alterações, vários elogios e questionamentos, ainda bem que não foram cusparadas e segue para aprovação. Considerando as duplas ou triplas jornadas exercidas pelos profissionais de enfermagem, tal projeto de Lei é uma forma, mínima e atrasada, de reconhecimento e estimulo a melhor qualidade de vida e trabalho aos profissionais de enfermagem, de forma a gerar impacto em uma melhor assistência para o usuário do Sistema Único de Saúde.
Basta de enaltecer a enfermagem brasileira, oferecendo flores, chocolates, músicas, até dizendo que somos heróis, é preciso apresentar incentivos aos trabalhadores para se manterem estudando e trabalhando. Temos uma potência chamada SUS, que apesar do subfinanciamento e da negligencia dos governantes, temos 77% dos brasileiros que dependem exclusivamente deste sistema e a enfermagem é a maior classe trabalhadora deste sistema. Se todos os profissionais de enfermagem não forem ao trabalho como ficaria o Brasil? Por fim, mas não por último ou menos importante, em vista dos sacrifícios que estão nos cobrando devido a pandemia, ou nos unimos, ou ficaremos abandonados à própria sorte, enganados, manipulados pelos mandatários e o lobby que querem tirar proveito de tudo, se por “acaso” a Lei n°2564/2020 não for aprovada!
Jales, 05 de maio de 2021.
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