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Moradores da Vila União se unem para transformar terreno vazio em praça

  • Foto do escritor: Alexandre Ribeiro Carioca
    Alexandre Ribeiro Carioca
  • 24 de mai. de 2020
  • 4 min de leitura

Enquanto a comunidade se mobiliza para mudar a própria realidade, a Prefeitura de Jales deixa “Praça Japonesa” completamente abandonada.



É ponto pacífico que a ausência ou a ineficiência do poder público muitas vezes força a comunidade a assumir o papel de protagonista das obrigações sociais e até administrativas. Nem sempre se percebe, mas ONGs, associações e entidades sociais estão onde o poder público não está. Seja no esporte, na educação, saúde, segurança e até nas atividades recreativas, a sociedade está cheia de exemplos.

Em algumas situações, a presença da comunidade onde o poder público deveria estar é maior. É o que acontece, inclusive em Jales, com a APAE, Lar dos Velhinhos, Hospital de Amor e outras. Afinal, se o poder público não cumpre o seu papel de fornecer serviços de saúde e assistência social para quem precisa, não resta outra alternativa à comunidade do que se unir e assumir esse papel para preencher a lacuna de serviços públicos.

Mas em outras, a interferência positiva da sociedade é feita através de pequenos gestos, que, no entanto, não são menos indispensáveis à sociedade.

A reportagem visitou nesta semana dois ótimos exemplos das duas faces da moeda. Como a ausência do poder público pode destruir um patrimônio que custou dinheiro dos impostos e como a comunidade unida pode mudar a situação da vizinhança com pequenos gestos e pouco dinheiro.


Parte do grupo que literalmente colocou a mão na massa para transformar a realidade da comunidade: Neguinho, Elson, Rivelino, Rafael e Magrão

A começar pelo exemplo negativo, a praça "Antônio Eurípedes de Oliveira", mais conhecida como “Praça Japonesa”, em frente ao Terminal Rodoviário.

O local deveria ser uma homenagem á colônia japonesa em Jales e foi inaugurada sob grande pompa e cerimônia em 29 de janeiro de 2010 (mais de dez anos atrás) com a presença de dois deputados (o federal Walter Ioshi e o estadual Hélio Nishimoto), descendentes de japoneses, prefeito, vereadores e assessores.

Mas logo depois de inaugurada se tornou uma verdadeira ofensa aos cofres públicos e a quem passa pelo local. Por falta de conservação,o pequeno lago que existia no local foi desativado depois que os peixes morreram e forma consumidos pelos moradores de rua que freqüentavam as imediações. A estátua de Buda, uma divindade oriental, permanece jogada dentro do lago há meses, como se nada representasse. A pouca vegetação está seca, a iluminação é precária, enfim, a praça está abandonada pela prefeitura e sem nenhuma perspectiva de melhora. Quem chega de outras cidades e desembarca no terminal rodoviário ou quem freqüenta a feirinha do produtor se depara com uma imagem que não representa a nossa cidade, muito menos a tradição nipônica que tanto contribuiu para a formação da sociedade jalesense.

E o pior é que ninguém move um centímetro para resolver o problema. Onde estão os vereadores, o presidente da Associação Nipo Jalesense (que é vereador), o diretor de Turismo, prefeito, vice e todos que apareceram na foto da inauguração? Todos fazem cara de paisagem diante da melancólica imagem e fingem que o problema é do outro.

Na ausência do poder público, comunidade volta a fazer a diferença. Na esquerda, a "Praça Japonesa", exemplo de abandono, e à direita, os moradores da Vila União fazendo o trabalho do município



EXEMPLO DA COMUNIDADE

Por outro lado, na Vila União, um dos bairros mais carentes da presença do município e onde há mais incidência de ocorrências de tráfico de drogas, a comunidade está mudando os ares e dando exemplo aos gestores municipais.

Um grupo de moradores das vizinhanças se reuniu e está transformando o que era um terreno vazio em um pequeno parque infantil.Instalaram uma casinha de madeira para meninas, construíram um balanço, gramaram, plantaram alguma mudas ornamentais e estão construindo uma pequena cobertura para proteger os freqüentadores do sol e da chuva. A ação ainda não está pronta, mas a união dos moradores já está mudando o visual e, mais importante, levantando astral dos moradores e despertando o orgulho da participação comunitária.

São os próprios moradores que colocam a mão na massa. A cerca foi feita com palets e pintada à mão, o corredor foi feito com concreto adquirido por um comerciante vizinho, assim como as plantas foram plantadas por um morador que também cedeu as espécies.

“Se eu ver alguém dormindo aqui dentro dessa casinha, vou mandar ir lá pra Casa de Passagem, na rua Nove. Isso aqui é para as crianças”, disse orgulhoso um dos colaboradores.

“Esperar pela prefeitura é impossível, então cada um deu um pouquinho, ajudou um pouquinho e estamos fazendo nós mesmos. Isso aqui é pra gente, não é pra ninguém, então quem tem que fazer somos nós mesmos”

A expectativa é que a praça fique ponta em, no máximo, cinco ou seis semanas, mas apenas a iniciativa já está servindo de exemplo e lição para o poder público e moradores de outros bairros da cidade. “Com quase nada de dinheiro e material reciclado.

A casinha foi doada pelo professor Cristiano Pires, e o terreno foi cedido pelo advogado José Luíz Penariol. Participam da iniciativa o também professor, Rivelino Rodrigues, Alton de Sá “Magrão”, Rafael da Padaria, Élson, Tio Rô, Baiano, Siri, Fernando, Gaucho, Betinho e empresas como o Almeida Material de Construção, Casa dos Parafusos, Serralheria Rodrigues e outros.

Em outras partes da cidade, como na rua Minas Gerais, no Jardim América, na marginal do Distrito Industrial 2, entre outras, também possível ver iniciativas semelhantes. Em todos os lugares, foi a população que tomou a iniciativa diante da inércia da administração municipal.

 
 
 

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