Delegado do maior caso de corrupção de Jales vai assumir cargo na Superintendência da PF em SP
O delegado-chefe da Polícia Federal em São José do Rio Preto, Cristiano Pádua da
Silva, deve ser nomeado nos próximos dias para o cargo de delegado-chefe regional
de polícia judiciária na Superintendência da PF, em São Paulo. A notícia foi
publicada pelo jornal Diário da Região e a expectativa é que a nomeação seja
publicada até a próxima semana.
Em seu lugar, o delegado Gustavo Andrade de Carvalho Gomes será o responsável
pela unidade da PF naquela cidade. Ele já atuava na unidade como delegado-chefe
substituto e era o responsável pelo setor de inteligência.
Cristino ganhou notoriedade quando comandou a DPF de Jales e foi responsável por
algumas das maiores operações policias da região, como a Operação Vagatomia que
apurou suspeitas de fraudes em centenas de matrículas de cursos universitários na
região, beneficiados pelo FIES; a Operação Fratelli, que teve repercussão nacional e
investigou dezenas de indivíduos que estariam participando de um esquema
milionário de fraudes em licitações públicas. Graças ao trabalho da PF, o Ministério
Público Federal denunciou dezenove pessoas envolvidas na chamada “máfia do
asfalto”, especializada em desvios nos contratos de pavimentação e recapeamento de
asfalto em municípios do noroeste do estado de São Paulo. De acordo com as
investigações, o valor desviado pode chegar a 1 bilhão de reais e envolve oitenta
cidades paulistas. O grupo foi denunciado pelos crimes de formação de quadrilha,
falsidade ideológica e fraudes em licitações.
Sob o seu comando, a PF de Jales mandou para a cadeia pelo menos dois prefeitos da
região. Airton Saracuza, de Urânia, e de Dolcinópolis-SP, José Luiz Inácio Azevedo,
que foi preso com um laranja, em Porto Seguro-BA.
Em novembro de 2016 a PF deflagrou a operação “Corrente do Bem”, que investigou
um esquema de fraudes no Hospital de Amor. Na ocasião, a PF cumpriu três
mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual de Jales, além da
prisão dos três envolvidos, todos investigados por desvios de recursos do hospital em
benefício próprio, mediante pagamentos suspeitos em supermercados, hotéis, oficinas
mecânicas, lojas de pneus, postos de combustíveis, restaurantes, transporte de
passageiros, entre outros. Os prejuízos chegaram a R$ 788 mil.
MÉDICA FAMOSA
Também como resultado do trabalho de Cristiano, uma médica pertencente a uma
conceituada família jalesense foi condenada por enriquecimento ilícito. A médica S.
R. Q. L. e a empresa QL Serviços Médicos Ltda foram condenadas à devolução de
R$ 161,4 mil aos cofres da Prefeitura de Jales, devidamente atualizados e ficaram
proibidas de firmar contratos com o poder público por 10 anos e terão que pagar, de
forma solidária, uma multa civil também no valor de R$ 161,4 mil. A médica foi
condenada, ainda, à perda de seus direitos políticos pelo prazo de 8 anos.
O caso começou quando o próprio delegado desconfiou da postura da médica na
unidade básica de saúde “Zilda Arns” (Jardim Novo Mundo).
Cristiano percebeu que a médica simplesmente deixou a unidade durante o
expediente e determinou que agentes da PF acompanhassem a sua rotina. Durante três
meses, os PFs fotografaram a medica realizando afazeres particulares, como ir ao
cabelereiro, durante o período em que deveria estar dando expediente na unidade de
saúde.
BAGUNÇA ADMINISTRATIVA
Mas o trabalho da equipe comandada por Cristiano ganhou o noticiário por conta da
apuração do maior caso de corrupção história da cidade, a Farra no Tesouro e seus
desdobramentos. Em 31 de julho de 2018, a então tesoureira da prefeitura, Érica
Cristina Carpi de Oliveira, e outras cinco pessoas, foram presas acusadas de terem
desviado mais de R$ 9 milhões dos cofres do município.
De acordo com as investigações, foram desviados precisamente R$ 9.246.588,32
durante mais de dez anos. O dinheiro foi direcionado para pagamentos de boletos
bancários, transferências para contas das empresas do marido de Érica e para contas
de familiares da ex-tesoureira, além de investimentos em três lojas e imóveis dela e
do marido Roberto dos Santos Oliveira, o “Betto Calçados”. Ambos frequentavam
colunas sociais e festas caras.
Os recursos desviados da prefeitura também foram utilizados pela ex-tesoureira para
pagamentos de salões de beleza, boutiques, cirurgiões plásticos, dermatologistas,
esteticistas, viagens, festas para toda a família, enfim, uma farra com os recursos do
município, que era efetivada mediante emissão de cheques em contas correntes da
Prefeitura, sendo que uma delas foi cadastrada fraudulentamente pela ex-tesoureira
em nome do Fundo Municipal da Saúde.
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