Bruno de Paula contesta demora no atendimento do AME.
- Alexandre Ribeiro Carioca
- 2 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Vereador tentou desqualificar a informação de que a espera por consulta demora
anos, em algumas especialidades, e nega que pessoas morram esperando
atendimento . MP abriu inquérito para apurar as queixas
O vereador Bruno de Paula (PSDB) usou um grande espaço que tinha disponível
durante a discussão de um requerimento sobre exames de ultrassonografia no Consirj
para contestar a demora no atendimento do AME-Jales (Ambulatório Médico de
Especialidades). Porém, ignorou que a fila de espera para atendimento é, em média,
de 17 meses e meio, mas ultrapassa três anos em especialidades como oftalmologia e
cardiologia, por exemplo.

“Querem que o AME atenda mais os pacientes? Contratem mais serviços! É simples: vai no Governo do Estado e contrate o serviço do AME”, debochou.
Crítico ferrenho dos veículos de imprensa, contra os quais já pediu até abertura de
investigação no Ministério Público (arquivada pelo promotor), Bruno se referia a uma
reportagem de A Tribuna, único jornal que noticiou a abertura de um Inquérito Civil
pelo Ministério Público para investigar a longa fila de espera por atendimento no
AME.
“Falaram nesses jornais (o vereador usa o plural porque tem medo de ser desmentido)
que estavam morrendo pessoas por não terem sido atendidas [no AME]. Deixa eu
dizer uma coisa pra você população: lá não é uma unidade de pronto atendimento.
Então acho que estão invertendo valores.

Precisam aumentar a demanda do AME (SIC)? Vão no governador e peçam mais exames lá”, sugeriu, misturando demanda com capacidade de atendimento.
Deley Vieira, que ao lado de Andréa Moreto, procurou o Ministério Público para
denunciar a extensa fila de espera que coloca em risco a vida de muitos pacientes,
tentou explicar ao colega a trágica situação. “A verdade é que o atendimento à Saúde
feito pelo estado é de péssima qualidade. Sabe quantas vagas para oftalmologista tem
no AME de Jales por mês? Uma! Apenas uma para toda a rede municipal de saúde”.
Promotor pediu relatório sobre fila de espera
No fim de março, o promotor de Justiça da Saúde Pública de Jales, Wellington Luiz
Villar, instaurou um inquérito civil para apurar os prejuízos causados à saúde da
população da cidade de Jales e região, por causa da demorar na prestação dos
serviços de média complexidade pelo AME de Jales. O procedimento foi aberto
depois que os vereadores Andrea Cristina Moreto Gonçalves e Vanderley Vieira dos
Santos levaram informações sobre demora excessiva até óbitos de pacientes na fila de
espera por atendimento no Ambulatório. De acordo com os parlamentares, há enorme
demanda reprimida nas diferentes áreas da saúde, resultando em demora de meses ou
até anos para definir diagnóstico da enfermidade, chegando a casos de óbito sem
realização dos exames.
“Assim, diante da relevância do possível prejuízo invocado para a saúde pública, é
forçoso formalizar a cabal apuração dos fatos e, se comprovados, formalizar o
competente compromisso de ajustamento ou ajuizar a ação civil pública em face dos
responsáveis”, informou a promotoria.
A partir disso, o promotor determinou que em 30 dias, a Santa Casa de Votuporanga,
que é a administradora do AME de Jales, encaminhe um levantamento discriminado
no que se referem às consultas e exames de todas as especialidades reprimidas há
mais de 180 dias, com os respectivos nomes dos pacientes e datas das
consultas/exames; O mesmo ofício foi enviado à Secretaria Estadual da Saúde,
inclusive notificando-a para os fins de recurso sobre a instauração, requisitando
informações.
*Texto publicado no fim de semana o jornal A Tribuna
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