1ª Missão UNIVIDA Amazônia - Editorial do padre Eduardo Lima, Assessor Diocesano da Pastoral Univers
A imensidão Amazônica traz a necessidade de localizar a área em que a 1ª Missão UNIVIDA Amazônia atuou: servimos na região administrativa do Baixo Amazonas, que incorpora os municípios de Parintins e Barreirinha, na Terra Indígena Andirá-Marau, especificamente nas aldeias Umirituba e Ponta Alegre. Em linha reta, aproximadamente 2500 km de distância de Jales/SP. Foram necessários dois dias de viagem, envolvendo vários aeroportos e tipos de embarcação, navegando pelo Rio Amazonas, adentando no seu afluente, Rio Andirá e seguindo pelo Igarapé do Pucú e outros, até alcançar aqueles que foram o objetivo desta missão UNIVIDA: os indígenas da etnia Sateré-Mawé (lagarta de fogo).
A aldeia Umirituba é a mais distante e isolada. Não há energia elétrica, um gerador quebra a escuridão com horário marcado, até às 21h00. Não há sinal de internet e de celular, o que impediu a troca de informações da missão e os familiares e amigos que aguardavam por notícias. O sateré é a língua mais falada, um complicador para os atendimentos de saúde que dependem da compreensão entre profissional e paciente, necessitando de intérpretes em alguns casos. Não há saneamento básico, apenas fossas negras. Para o alojamento utilizou-se um galpão, uma construção rústica, coberta e sem paredes, onde foram instaladas as redes para as pernoites. A alimentação bastante frugal, foi produzida pelo revezamento dos voluntários, em cozinha improvisada e sempre que possível, adquirindo peixes dos indígenas. Após o atendimento das necessidades deste povoado, algumas equipes foram de “voadeiras” até outras comunidades, ampliando a área de atuação.
Ponta Alegre, uma das maiores aldeias da área indígena Sateré-Mawé com população de aproximadamente mil habitantes, conta com melhor infraestrutura: energia elétrica, escola, pequeno comércio, posto de saúde, pavimentação das ruas principais, telefones públicos, espaço coletivo para as manifestações culturais e a Igreja São João Batista. A Missão UNIVIDA se instalou nas dependências da escola e atuou no posto de saúde, diminuindo a demanda que existia de acesso à saúde.
Os Sateré-Mawé tem por tradição o Ritual da Tucandeira, que chama a atenção pela intensidade e carga emotiva contidas. Trata-se do processo de iniciação masculina, da passagem da infância para a vida adulta. O ritual consiste em vestir uma luva cheia de formigas tucandeiras que atacam com os ferrões, causando intensa dor. A cerimônia é considerada pelos indígenas como um ato de força, coragem e resistência à dor.
A comunidade católica da aldeia Ponta Alegre se uniu ao grupo UNIVIDA para a celebração da Santa Missa. Os Sateré-Mawé, como assembleia ali reunida, invocaram bênçãos e agradecimentos pela presença da Missão UNIVIDA entre eles.
A equipe da Missão UNIVIDA Amazônia partiu com 36 voluntários, entre universitários, profissionais e professores, contemplando várias áreas, especialmente a saúde. Em Manaus, agregaram ao grupo, Pe. Silas Silva, da Companhia de Jesus e alguns indígenas Sateré-Mawé e duas universitárias indígenas de outras etnias, totalizando 43 pessoas. Apesar das adversidades, inclusive as geográficas, o meio de locomoção não comum entre nós, as precariedades nas condições de atendimento, o grupo demonstrou espirito de equipe, entrosamento e muita força de trabalho.
A experiência da 1ª Missão UNIVIDA Amazônia repercutirá em cada um, a seu modo e a seu tempo. O certo é que nenhum que teve a oportunidade de participar, não saiu ileso da vivência Amazônica. O tempo agora é propício para as reflexões e assimilação do praticado e o objetivo da UNIVIDA se estabelecerá como resultado: todos mais humanizados e com olhar voltado para as questões indígenas.