Óbitos em Cartórios apontam 2020 como o ano mais mortal da história do estado de São Paulo
- Alexandre Ribeiro Carioca
- 20 de jan. de 2021
- 3 min de leitura
Média anual de crescimento de registros de óbitos passou de 2% ao ano para 17,2% em 2020. Mortes em domicílio dispararam e aumentaram 15,3% no estado
A pandemia causada pelo novo coronavírus, que atingiu em cheio o Brasil e já causou a morte de mais de 200 mil pessoas, transformou 2020 no ano mais mortal da história do estado de São Paulo. Desde o início da série histórica das Estatísticas Vitais de óbitos do Registro Civil, em 1999, nunca morreram tantos paulistas em um só ano, e nunca houve uma variação anual de óbitos tão grande como a ocorrida na comparação entre 2019 e 2020.
Segundo os dados do Portal da Transparência https://transparencia.registrocivil.org.br/inicio, plataforma administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), os óbitos registrados pelos Cartórios de São Paulo em 2020 totalizaram 356.877, 17,2% a mais que no ano anterior, superando a média histórica de variação anual de mortes no estado que era, até 2019, de 2% ao ano.

O número de óbitos registrados em 2020 pode aumentar ainda mais, assim como a variação da média anual, uma vez que os prazos para registros chegam a prever um intervalo de até 15 dias entre o falecimento e o lançamento do registro no Portal da Transparência. Além disso, alguns Estados brasileiros expandiram o prazo legal para registro de óbito em razão da situação de emergência causada pela COVID-19.
A pandemia trouxe também reflexo em outras doenças que registraram aumento considerável na variação entre os anos de 2019 e 2020. Foi o caso das mortes causadas por doenças respiratórias, que cresceram 27,5% na comparação entre os anos, passando de 125.598 para 160.218. Entre as doenças deste tipo, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) explodiu, registrando crescimento de 723%, seguida pelas de Causas Indeterminadas, que registraram aumento de 26,7%.
Já entre os óbitos causados por doenças cardíacas, muitas vezes relacionadas à COVID-19, a comparação entre 2019 e 2020 aponta um aumento de 6,4%, passando de 69.594 para 74.066. Entre as doenças do coração, o registro que apontou maior crescimento foi o de mortes por Causas Cardiovasculares Inespecíficas, que cresceu 50% entre os anos, sendo que o aumento dos óbitos em domicílio é uma das explicações para o diagnóstico inespecífico das mortes causadas por doenças do coração.

Mortes em casa disparam O receio das pessoas frequentarem hospitais ou mesmo realizarem tratamentos de rotina durante a pandemia, assim como a falta de leitos em momentos críticos da COVID-19 no Brasil, fez com que o número de mortes em domicílio disparasse no estado de São Paulo quando se comparam os anos de 2019 e de 2020, registrando um aumento de 15,3%. As mortes por SRAG fora de hospitais cresceram 1.600%. Também aumentaram os óbitos por Septicemia (11,6%) e Causas Indeterminadas (47,9%). Os registros de óbitos, feitos com base nos atestados assinados pelos médicos, apontam que 1.492 paulistas morreram de COVID-19 em suas casas. Os óbitos por Causas Cardíacas fora de hospitais também dispararam em 2020, com registro de aumento de 22,4% na comparação com o ano anterior. Neste tipo de doença, o maior aumento se deu nas chamadas Causas Cardiovasculares Inespecíficas (118%), muito em razão de o falecimento ocorrer sem assistência médica, dificultando a qualificação da doença. Também cresceram os óbitos em casa por Acidente Vascular Cerebral (AVC), aumento de 18,6%. "As informações fornecidas diariamente pelo Portal da Transparência do Registro Civil se mostraram essenciais para o correto mapeamento da situação e se mostrou um instrumento fundamental para que o Poder Público pudesse combater a pandemia de Covid-19 no País. Com os números de óbitos por doenças respiratórias, cardíacas e das demais causas que são disponibilizados na ferramenta, pesquisadores, médicos e a sociedade, em geral, podem acompanhar o avanço da doença no Brasil e os impactos por ela causados.", explica a presidente da Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo (Arpen/SP), Daniela Silva Mroz.
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